A lancheira ideal
A colunista Rosely Sayão escreveu ontem na Folha sobre a “polêmica da lancheira” instaurada depois que a apresentadora Bela Gil publicou a merenda da sua filha no Instagram. O lanche que dividiu opiniões era composto por batata-doce, banana-da-terra, granola caseira e água.
É um bom exemplo de lancheira? Segundo a nutricionista Cláudia Lobo, autora de “Comida de Criança” (MG Editores, R$ 84,60, 248 págs.), sim.
“Nutricionalmente está perfeita. O lanche dos meus filhos é parecido”, diz. Assim como Bela Gil, ela sofre bullying por contrariar a ideia de que comida de criança é salgadinho e achocolatado, não batata-doce e água.
“Como se criança tivesse um gosto diferente. Isso é mito. Criança gosta do que está acostumada a comer. O problema é que a maioria está habituada a produtos alimentícios, não alimentos.”
Bolos recheados, sucos superdoces e salgadinhos são exemplos dos tais “produtos alimentícios”, que devem passar longe da lancheira porque, apesar de serem gostosos, são pobres em nutrientes.
“Vemos cada vez mais crianças com alergias alimentares, problemas intestinais, obesidade. Isso não é normal. Tudo começa na alimentação”, afirma.
De acordo com a nutricionista, a lancheira ideal deve servir como complemento das outras refeições e conter um alimento fonte de carboidrato, outro fonte de proteína e uma fonte de vitaminas, minerais e fibras.
O carboidrato pode ser batata-doce, como no caso da Bela Gil, ou então milho, tapioca, pão, bolo, biscoitos… Tudo o que for amido.
Algumas opções de proteína são: castanhas, sementes, laticínios, leite de cereais, atum ou sardinha. No caso da apresentadora, a granola caseira cumpre esse papel.
Por fim, as frutas são boas fontes de vitaminas, minerais e fibras. Fruta mesmo, não suco. “Quando transformamos a fruta em suco perdemos nutrientes. O suco deve ser tomado de vez em quando, não sempre.” No lugar, prefira água, água de coco ou chá.
O lanche deve ser em pequenas quantidades, para forrar o estômago. Do contrário a criança pode ficar cheia e querer pular a próxima refeição.
Seguindo essas dicas, outro exemplo de lancheira seria: pão com queijo, água e fruta. Ou ainda bolo caseiro, leite e fruta.
DE VEZ EM QUANDO PODE
Não é porque a criança come milho de lanche que nunca pode comer um brigadeiro. “De vez em quanto pode comer uma guloseima. O que faz diferença na saúde é o que comemos todos os dias”, diz Lobo.
Claro que é melhor sempre optar por alimentos feitos em casa em vez de industrializados, que quase sempre têm mais açúcar, sal e gordura do que o indicado. Mas, na pressa, já existem algumas opções de industrializados saudáveis, como pacotinhos com castanhas e frutas secas, saladas de frutas e sucos sem açúcar, sem conservantes e com fibras.