SP terá festa julina livre de transgênicos neste domingo

Juliana Vines

Neste ano, a festa julina do Minhocão, que acontece neste domingo das 10h às 21h no centro de São Paulo, será livre de transgênicos. Na prática, isso significa que não haverá nenhum quitute feito com milho, porque mais de 80% da safra brasileira  do cereal é geneticamente modificada, segundo estimativa da consultoria Céleres.

No lugar, haverá pamonha de mandioca, cuscuz de arroz, curau de abóbora e canjica de sagu, além de comidas tradicionais, como caldinho de feijão, buraco quente e pinhão. Tudo vai custar de R$ 3 a R$ 15.

Canjica de sagu, uma das opções de comida da festa junina sem transgênicos (Foto Divulgação)
Canjica de sagu, uma das opções de comida da festa junina sem transgênicos (Foto Divulgação Slow Food)

O cardápio livre de transgênicos foi ideia do movimento internacional Slow Food, que pela primeira vez participa do evento, realizado anualmente por meio de financiamento coletivo.

A festa terá quadrilha, brincadeiras típicas, oficinas e aulas práticas organizadas pelo Slow Food para discutir temas relacionados com alimentação e saúde. Também haverá uma feira de troca de sementes.

Além do Slow Food, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) vai participar promovendo atividades para conscientizar o público a respeito do projeto de lei que pretende tirar o “T” de transgênico do rótulo da maioria dos alimentos que usam como matéria-prima ingredientes geneticamente modificados.

Curau de abóbora, outra iguaria vendida na festa
Curau de abóbora, outra iguaria vendida na festa (Divulgação Slow Food)

AINDA ESTÁ NO RÓTULO

O projeto de lei 34/2015 já foi aprovado pela Câmara dos Deputados em abril e está em discussão no Senado. Caso entre em vigor, só os alimentos processados com mais de 1% de produtos transgênicos devem colocar a informação no rótulo. Nos outros casos, o símbolo pode ser retirado –hoje, qualquer porcentagem de organismos geneticamente modificados tem que ser sinalizadas.

Segundo Élido Bonomo, presidente do CFN (Conselho Federal de Nutricionistas), caso isso aconteça, a maioria dos produtos transgênicos não será rotulada, porque tem menos de 1%. “Vamos comer transgênicos sem saber e não concordamos com isso”, diz.

Para o CFN, que já se posicionou oficialmente sobre o tema, ainda faltam estudos de longo prazo que garantam a segurança desse tipo de produto. “Usamos o princípio da precaução e do direito à informação. A pessoa tem que saber o que está comendo. E como não há garantia de segurança, não temos como recomendar o consumo desses produtos.”

No caso dos alimentos industrializados, a informação está na embalagem. Mas a legislação não vale para produtos não processados, por isso é mais difícil descobrir se a espiga de milho vendida no supermercado é transgênica. É provável que sim.

Segundo o ISAAA (Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia), o Brasil só perde para os Estados Unidos na produção de transgênicos. Em 2014, foram plantados 42 milhões de hectares de soja, milho e algodão transgênicos no país. Se mais de 80% do milho já é geneticamente modificado, no caso da soja a porcentagem já passou de 90%.

De acordo com Bonomo, para garantir que milho e soja in natura não sejam transgênicos é melhor comprar produtos orgânicos. Ou então tentar descobrir com o produtor qual semente ele utilizou.

SERVIÇO
FESTA JULINA LIVRE DE TRANSGÊNICOS

QUANDO Domingo, 5 de julho
ONDE Minhocão (elevado Costa e Silva), na altura da rua Helvétia
HORÁRIO das 10h às 21h.