Os alimentos termogênicos e outros mitos do metabolismo

Juliana Vines

O post anterior foi sobre os fatores que influenciam no funcionamento do metabolismo. Dentre eles, um dos mais importantes (e polêmicos) é a alimentação.

Sobram mitos e faltam consensos sobre como e quanto os alimentos contribuem para acelerar ou atrasar os ritmos do organismo. Afinal, é importante mesmo comer de três em três horas? E antes da atividade física, é preciso ingerir carboidrato ou fibras? Alimentos termogênicos (que aceleram o metabolismo) realmente funcionam? E aquelas cápsulas de óleos “emagrecedores”, são só propaganda enganosa? Vamos por partes.

Chá-verde, um dos termogênicos mais famosos (Crédito: Rogerio Canella/Folhapress)
Chá-verde, um dos termogênicos mais famosos (Crédito: Rogerio Canella/Folhapress)

HORA DE COMER

Não precisa seguir o mantra de comer de três em três horas, mas não passe fome e não fique grandes períodos em jejum. “Tem pessoas que se sentem melhor se alimentando a cada quatro ou cinco horas. Não tem problema. Seu metabolismo não vai parar depois de três horas sem comer”, diz o endocrinologista Evandro Portes.

Mas ficar em jejum, sim, faz com que o organismo desenvolva mecanismos para gastar menos energia. “Fazer de quatro a seis refeições por dia é o ideal”, afirma.

As refeições intermediárias devem ter menos calorias do que as principais. A nutricionista Jéssica Borrelli sugere a um “suchá”: chá-verde batido com uma fruta (abacaxi, por exemplo). Outra ideia é tomar um copo de chá e comer uma fruta. Para quem gosta de doce, maçã assada com canela engana bem.

COMIDA PILHADA

Não há consenso sobre o real efeito dos alimentos termogênicos –se eles seriam mesmo capazes de acelerar o metabolismo. Mas todos concordam que, se realmente funcionar, o efeito é pequeno. Ou seja, não vai salvar sua dieta.

“Termogênico sozinho não faz milagre”, diz Borrelli.

A cafeína é um dos termogênicos mais usados e está presente não só no café, mas também no chá-verde, no chá-mate e no pó de guaraná. A pimenta, o gengibre e a canela também são reconhecidos como termogênicos.

“É indicado até um litro de chá por dia, durante a manhã e a tarde. À noite, a cafeína pode atrapalhar o sono”, diz Borrelli. E não vale requentar a bebida nem fazer chá de saquinho. “Com o processamento, a erva perde parte das propriedades.”

O endocrinologista Evandro Portes alerta para o risco de, ao ingerir termogênicos, acabar exagerando nas calorias. “Se a pessoa tomar vários cafezinhos com açúcar, vai acabar engordando, porque as calorias do açúcar anularão o possível efeito benéfico do café.”

ANTES DO EXERCÍCIO

O corpo precisa de energia para tirar o melhor da atividade física. A dica da nutricionista Lucyanna Kalluf é antes de fazer o exercício ingerir carboidrato combinado com fibras, como banana com aveia. “A fibra faz com que a liberação de energia seja mais lenta e o estoque dure toda a atividade”, diz.

Para quem quer testar o poder dos termogênicos, a nutricionista Jéssica Borrelli, especialista em exercício, recomenda tomar uma bebida de açaí com guaraná em pó uma hora antes do treino.

“Ajuda a aumentar a disposição. Uma colher de chá de guaraná em pó tem, em média, 160 mg de cafeína.”

Depois de malhar, Kalluf recomenda tomar um iogurte desnatado ou então comer um omelete de duas claras, alimentos ricos em proteínas que ajudam a ganhar massa magra.

PROPAGANDA ENGANOSA

Não existe comprovação científica que óleos vendidos como emagrecedores aumentem a queima calórica. “As pessoas incluem de duas a três colheres de sopa de óleo de coco ou de cártamo na dieta e ainda continuam com uma alimentação errada. Isso pode aumentar o ganho de peso, em vez de diminuir”, diz Borrelli.

Qualquer tipo de óleo tem nove calorias por grama (enquanto a proteína e o carboidrato têm quatro calorias/grama). “Pode ser interessante usar esses óleos no lugar de outros que já usamos, mas só para variar o tipo de ácido graxo, não para aumentar o metabolismo”, completa Borrelli.