Pulseiras que monitoram a atividade física podem dificultar a perda de peso

Populares entre blogueiras fitness e indicadas por personal trainers, pulseiras que monitoram a atividade física mais atrapalham do que ajudam na perda de peso, de acordo com dois estudos recém-publicados.

Os dispositivos calculam o gasto calórico, contabilizam o número de passos, mostram os batimentos cardíacos e até determinam metas a cumprir, mas no fim das contas podem fazer com que os usuários se sintam culpados e desmotivados.

O primeiro estudo, realizado pela Universidade de Pittsburgh (EUA), acompanhou por dois anos um grupo de 470 pessoas. Todos foram orientados a seguir uma dieta de restrição calórica e receberam indicação de exercício físico.

Depois de seis meses, uma parte do grupo passou a usar um monitor de atividade física, enquanto o resto dos participantes continuou recebendo aconselhamento profissional. No fim, quem usou a pulseira perdeu menos peso –a metade do que aqueles que não usaram o dispositivo.

“O estudo mostra que esses monitores não devem ser considerados ferramentas para o controle do peso e não podem substituir o aconselhamento profissional”, disse John Jakicic, coordenador da pesquisa.

O trabalho foi publicado no Jama (“The Journal of the American Medical Association”).

Outra pesquisa, da Universidade de Washignton, entrevistou ex-usuários desses monitores e mostrou que eles deixaram de usar os dispositivos por diversas razões.

Alguns não gostavam do que a pulseira mostrava, outros não sabiam muito bem como usar os dados colhidos pelo dispositivo, e metade das pessoas se sentia culpada por não ser capaz de continuar usando o equipamento.

INFORMAÇÃO DEMAIS

Para Gilberto Coelho, educador físico e especialista em fisiologia do exercício pela Unifesp, o maior problema é que leigos não sabem interpretar os dados desses dispositivos.

“Os monitores só são úteis se você souber o que significam os dados. Senão, podem até atrapalhar e a pessoa se sentir culpada por não conseguir cumprir as metas impostas por um robozinho”, afirma.

Ivan Pacheco, médico especialista em medicina do esporte, diz que é preciso interpretar os estudos com cautela.

“Não podemos jogar os monitores no lixo. O que posso dizer é que todos precisam de incentivos para perder peso. Para algumas pessoas, os monitores funcionam como motivação, mas, em geral, o acompanhamento profissional é necessário.”