Faz dieta e não consegue emagrecer? A culpa pode ser da sua flora intestinal
Da próxima vez que você fizer dieta e não conseguir perder peso, pode pensar em culpar seu intestino –ou as bactérias da sua flora intestinal.
Um estudo publicado na edição de agosto da revista Mayo Clinic Proceedings, da Clínica Mayo, nos Estados Unidos, mostrou que atividades específicas de bactérias intestinais podem ser responsáveis pela incapacidade de algumas pessoas de perder peso mesmo fazendo dieta e exercícios.
“Sabemos que algumas pessoas não perdem peso tão facilmente quanto outras, apesar de reduzirem o consumo calórico e aumentarem a atividade física”, disse o gastroenterologista Purna Kashyap, coautor do estudo, ao site do centro médico.
As bactérias do intestino são capazes de quebrar partículas complexas dos alimentos, o pode fornecer energia adicional ao organismo, segundo Vandana Nehra, gastroenterologista, também coautora do trabalho.
“Isso normalmente é bom para nós. Mas, para quem quer emagrecer, pode se tornar um obstáculo”, afirmou ela.
Os pesquisadores coletaram e analisaram amostras de bactérias de um grupo de 26 pessoas participantes de um programa de tratamento de obesidade. Eles descobriram que a flora intestinal dos indivíduos que não perderam peso era diferente da microbiota daqueles que conseguiram emagrecer.
A presença de algumas bactérias foi associada ao sucesso ou insucesso da dieta. “Isso sugere que os micro-organismos do intestino podem ser determinantes na perda de peso”, disse Kashyap. Segundo ele, essa é uma descoberta preliminar.
Outro estudo, publicado no International Journal of Obesity em 2017, já tinha associado a presença de bactérias da flora intestinal com o sucesso em programas de emagrecimento.
As pesquisas, porém, são recentes e ainda não é possível criar pílulas ou produtos com micro-organismos capazes de ajudar no emagrecimento.
“Tem pouca coisa realmente comprovada. Temos evidências que apontam para um papel importante da microbiota, mas ainda não sabemos quais bactérias são responsáveis e quais os mecanismos envolvidos. Mesmo em animais, não conseguimos isolar as bactérias que seriam favoráveis ou desfavoráveis”, diz Natália Pasternak Taschner, PHD em microbiologia pela USP (Universidade de São Paulo).
Segundo ela, o que já se sabe é que a dieta influencia na composição da flora intestinal. “Uma dieta rica em fibras ajuda a manter a microbiota saudável”, diz ela. Alimentos probióticos (que contêm micro-organismos vivos) também.