Por que as pessoas engordam quando envelhecem (e como reverter isso)

Tudo parece conspirar para que as pessoas engordem à medida que o tempo passa.

“O metabolismo fica mais lento, há perda de massa muscular e aumento da gordura na região abdominal”, diz a endocrinologista Maria Fernanda Barca, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

Uma pesquisa publicada na semana passada na revista Nature Medicine descobriu outro fator que contribui para esse ganho de peso: uma falha no processo de renovação de lipídios, que acontece nos adipócitos, células que armazenam gordura no corpo.

Essas células têm a capacidade de reter ou quebrar gordura, possibilitando sua liberação como fonte de energia, explica Barca. O problema é que, com o passar do tempo, o adipócito começa a perder a capacidade de quebrar e liberar lipídios, fazendo com que as moléculas fiquem estocadas, aumentando o percentual de gordura no organismo.

A pesquisa, feita pelo Instituto Karolinska, na Suécia, observou isso na prática. Os cientistas estudaram as células de gordura de 54 homens e mulheres durante 13 anos. Nesse período, todos os indivíduos tiveram redução no processo de renovação lipídica, também chamado de “turnover” lipídico. A redução aconteceu independentemente do ganho ou da perda de peso.

Quem, ao longo do tempo, não reduziu a quantidade de calorias ingeridas acabou ganhando peso, em média 20%, de acordo com a pesquisa. O trabalho foi realizado em parceria com pesquisadores da Universidade de Uppsala, na Suécia, e da Universidade de Lyon, na França.

Segundo Barca, o organismo de indivíduos obesos também tem tendência a estocar gordura. O único jeito de compensar essa redução na queima de lipídios (e, assim, minimizar os efeitos do envelhecimento) é ingerir menos gordura.

“Conforme envelhecemos nossa demanda calórica tende a diminuir, sendo necessário fazer adaptações para evitar o ganho de peso. A melhor forma de compensar essa mudança é pela alimentação e prática de exercícios”, afirma a endocrinologista.

Ela lista algumas recomendações:

  • “Comer mais frutas, verduras e legumes que, além de ter baixo valor calórico, são ricos em fibras e água –necessários para manter a hidratação e compensar a redução dos movimentos do intestino;
  • Eliminar/reduzir o consumo de produtos processados, como doces, salgadinhos, pães industrializados e alimentos condimentados;
  • Praticar exercício físico pelo menos quatro vezes na semana;
  • Buscar atividades que tragam bem-estar. Estudos mostram que níveis elevados de hormônios relacionados ao estresse aceleram o processo de envelhecimento e aumentam a chance de desenvolver doenças metabólicas.”

A conclusão é que mudanças no organismo com o passar do tempo são inevitáveis, mas a velocidade com que elas acontecem dependem, em grande parte, dos hábitos ao longo dos anos.

“Quando falamos de estilo de vida, estamos nos referindo à toda a vida, não só ao período em que o processo de envelhecimento é mais evidente. Em termos práticos: não adianta comer melhor e praticar exercícios somente quando os problemas começarem a aparecer”, diz Barca.

Leia também:

Os cinco exercícios mais eficazes para quem tem tendência a engordar

Veja quais produtos dizem ter ‘zero gordura trans’, mas contêm o ingrediente